Lista de verificação de segurança em Endoscopia Digestiva

Após auscultação pública a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED) vem por este meio divulgar as versões finais de 2017 das “Listas de verificação de segurança em Endoscopia Digestiva”, as quais pretendem ser um auxílio às Unidades de Endoscopia que decidam adotar esta medida adicional de segurança. A SPED sugere para uso preferencial a versão “doente único” mas criou também a versão “doente multi” que admitimos ser mais aplicável nalguns contextos.
 
O pressuposto para a necessidade de criação destas listas é de que o erro médico é uma condição inerente à prática da Medicina e deve ser reconhecida a sua existência no sentido de procurar por todos os meios a sua prevenção e diminuição das ocorrências e gravidade das mesmas [1], sendo que um dos meios para tal tem sido o uso de listas de verificação de segurança (“security checklist”) antes de procedimentos invasivos, nomeadamente no contexto cirúrgico onde se tornou obrigatório em muitos meios [2].
 
Sendo a endoscopia digestiva um procedimento minimamente invasivo com riscos de complicações, ainda que muito inferiores aos dos atos cirúrgicos, o uso de listas de verificação de segurança pode ser visto como um adicional aos cuidados pré e pós-procedimento já rotineiramente efetuados [3, 4]. Pode mesmo ser considerado apenas uma formalização ou unificação de atos já efetuados atualmente de rotina como sejam as perguntas e registos efetuados pelo Gastrenterologista, Anestesista, Enfermeiro ou Assistentes Administrativos antes e após os exames endoscópicos.
 
Assim sendo, o uso de uma lista de verificação de segurança em endoscopia não deve ser nem obrigatória nem exaustiva, deve ser de uso fácil, adaptável ao contexto de cada Unidade de Endoscopia e incluir os principais pontos de prevenção de eventos adversos [5]. Por outro lado, o seu não uso não poderá nunca ser considerado uma má prática ou uma ausência de cultura de segurança, mas apenas uma eventual falta de evidência adicional dessa mesma cultura de segurança.
 
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Referências:

  1. Kohn, L.T., J.M. Corrigan, and M.S. Donaldson, To Err is Human: Building a Safer Health System. To Err is Human: Building a Safer Health System, ed. N.A.o.S. Institute of Medicine Committee on Quality of Health Care in America. 2000, Washington (DC): National Academies Press (US).
  2. Haynes, A.B., et al., A surgical safety checklist to reduce morbidity and mortality in a global population. N Engl J Med, 2009. 360(5): p. 491-9.
  3. Cullinane, M., Scoping our practice: The 2004 Report of the National Confidential Enquiry into Patient Outcome and Death., in National Confidential Enquiry into Perioperative Deaths. 2004: London.
  4. Cotton, P.B., et al., A lexicon for endoscopic adverse events: report of an ASGE workshop. Gastrointest Endosc, 2010. 71(3): p. 446-54.
  5. Matharoo, M., et al., Implementation of an endoscopy safety checklist. Frontline Gastroenterol, 2014. 5(4): p. 260-265.

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