História da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva

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Artigo Publicado pelo Dr. Bento de Albuquerque Charrua no EndoNews nº 25 (Janeiro/Março de 2009), a propósito dos 30 anos da SPED

Dr. António Catita

Dr. António Catita, primeiro presidente da SPED

A Assembleia-Geral fundadora da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED) decorreu na Sala de Fisiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, no dia 7 de Julho de 1979. 

A eleição da primeira Direcção, encabeçada por António Catita, teve lugar no Porto, em Novembro de 1979. Nesta Assembleia-Geral foram igualmente aprovados os Estatutos e fixada a primeira quota em 500$00 (2,50 Euros). 

Desde então decorreram 30 anos. Neste espaço de tempo, a Sociedade cresceu e implantou-se na comunidade gastrenterológica nacional, sendo hoje um organismo actuante que pretende cumprir os ideais da sua fundação, expressos nos seus Estatutos. 

Para que melhor se entenda o que tem sido o percurso da SPED, pedimos que nos acompanhem numa breve retrospectiva.

No início da década de 1980, em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, organizou-se o primeiro Congresso Nacional de Gastrenterologia e Endoscopia Digestiva. 

Em 1983 foi organizada a primeira Reunião Regional de Endoscopia Digestiva e, em 1984, a nossa Sociedade participou activamente no Congresso Internacional de Gastrenterologia e Endoscopia Digestiva. Este evento, da responsabilidade do Prof. Dr. Carrilho Ribeiro, que recentemente nos deixou, além de ter dado visibilidade à gastrenterologia portuguesa, no aspecto científico e organizativo, permitiu, com as receitas alcançadas, adquirir a actual Sede Social.

Foi, no entanto, a partir de 1990, mercê de um conjunto de iniciativas levadas a efeito, que a SPED desenvolveu as estruturas fundamentais da actividade que hoje em dia tem. Surgiu então o Boletim Informativo de SPED e deu-se início à recolha de material para a Videoteca. 

No que se refere à área da endoscopia digestiva, e como uma das maiores preocupações da Sociedade tem sido proporcionar formação, foram organizadas várias reuniões científicas, sendo de destacar as Reuniões Nacionais de Endoscopia Digestiva, os Cursos Práticos de Endoscopia Digestiva, acções de formação para médicos de Medicina Geral e Familiar e alguns simpósios, o último dos quais intitulado: “Qualidade em Endoscopia Digestiva: da formação à prática – Que futuro?”, contou com a presença de grandes personalidades nacionais e estrangeiras. 

Em 1995, com o objectivo de estimular a aquisição de imagens endoscópicas, foi criado o Prémio de Fotografia Endoscópica, que tem sido um verdadeiro êxito, a avaliar pelo número de trabalhos que nos têm chegado. Nos últimos anos tem ultrapassado a centena. É com base em todo este rico espólio que, recentemente, se editou um Atlas de Endoscopia Digestiva que irá constituir mais um documento de consulta para os nossos associados. 

Na sequência da primeira bolsa de estudo criada ainda na década de 1980, promovemos, anualmente, uma Bolsa de Investigação e uma Bolsa de Estágio que pretende ajudar os sócios que queiram aprender ou aperfeiçoar técnicas endoscópicas em Serviços de Gastrenterologia portugueses ou estrangeiros. 

Por outro lado, à semelhança do que fazem as suas congéneres, a SPED iniciou a edição de Recomendações que visam estabelecer e actualizar normas orientadoras para uma melhor prática do acto endoscópico. 

Ainda no que se refere às publicações, agora aglutinadas sob a chancela das “Publicações SPED”, é de referir que, além das publicações periódicas e não periódicas, designadamente o ENDOnews, do qual falaremos mais adiante, desde 1996 que colaboramos activamente na edição de uma revista de gastrenterologia, o GE – Jornal Português de Gastrenterologia, que é actualmente o órgão oficial das duas Sociedades e distribuímos, gratuitamente, aos sócios, desde o ano de 2000, a revista Endoscopy, que é o órgão oficial da Sociedade Europeia de Endoscopia Digestiva (ESGE).

Por outro lado, a criação do nosso site www.sped.pt, uma mais-valia significativa, permitiu uma melhor comunicação com todos os sócios e população em geral (cerca de 2.000 visitas mensais). Ao nível das relações internacionais, os primeiros passos foram dados, ainda na década de 1980, com o estabelecimento de contactos com as Sociedades congéneres de Espanha, França, Japão e Brasil. Actualmente, mantemos relações com várias Sociedades estrangeiras através das organizações internacionais a que pertencemos. Somos membros da ESGE e da Organização Mundial de Endoscopia Digestiva (OMED). Estamos, pela primeira vez, representados ao nível do Governing Board da ESGE, por um membro indicado pela SPED. Permitam-me que recorde aqui, a satisfação com que teria ficado o Dr. Carlos Pinho, que recordamos com saudade, ele que elegeu como um dos nossos objectivos principais este mesmo ponto. Também têm sido mantidos contactos com os nossos colegas de Angola e Moçambique, na esperança de ajudar à constituição de Sociedades de Endoscopia Digestiva. 

Uma palavra, ainda, para o grande contributo que deram à formação e treino de vários gastrenterologistas portugueses, grandes figuras da gastrenterologia internacional, que temos a honra de contar como nossos Sócios Honorários: Marti Vicente, Rudolph Cheli, Meinard Classen, Claude Liguori, Gouveia Monteiro,  Michel Cremers e Javier Piqueras. 

Em 1998, por solicitação da ESGE, a Direcção da SPED participou numa reunião sobre a prevenção do cancro do cólon. Foi assim que se deu início a um projecto que tem sido um dos marcos mais importantes da nossa existência. Podemos, mesmo, afirmar que nesta matéria fomos pioneiros. Começámos pela divulgação de ideias junto dos gastrenterologistas e clínicos gerais, tendo nascido, para o efeito, o ENDOnews. Sim, este mesmo que estão agora a ler. Candidatámo-nos a programas de ajudas financeiras, de fundos europeus, como o Programa Saúde XXI, tendo obtido verbas necessárias ao fomento de acções de campanha. Criámos um símbolo, o TINO e um logótipo que associámos a todas as acções. Adquirimos um stand próprio que se desloca às reuniões científicas e congressos para efectuar acções de propaganda. Em 2001, 2002 e 2003 organizaram-se sessões públicas, espectáculos e linhas azuis de informação ao público. 

Como corolário dos nossos esforços, tivemos a satisfação de ver aparecer em vários distritos de Portugal acções de rastreio que a SPED sempre acarinhou e procurou valorizar. Vamos manter a sensibilização das populações, pois sabemos que a mobilização de médicos e populações exige uma atitude continuada e persistente. 

Ao fim de 30 anos de vida podemos, sem dúvida, afirmar que somos uma Sociedade adulta, com linhas de actuação bem definidas e projectos concretos e inovadores. Estamos completamente inseridos no meio gastrenterológico nacional e vamos cumprindo, passo a passo, todos os objectivos delineados pelos sócios fundadores. Aquele grupo de jovens gastrenterologistas que há 30 anos entendeu lançar-se na aventura da constituição de uma associação de endoscopia digestiva, a que mais tarde se juntaram outros, foi crescendo, bem enquadrado por grandes presidentes, secretários-gerais trabalhadores, tesoureiros rigorosos e vogais empreendedores, até construir o que somos hoje em dia. 

Devemos sentir orgulho e manter os princípios que nos têm norteado: espírito aberto, capacidade de trabalho, liderança e persistência. A todos os que fizeram e fazem parte dos Órgãos Sociais da SPED devemos estar agradecidos pelo extraordinário contributo que deram para que a nossa Sociedade nascesse, crescesse e se tornasse naquilo que hoje representa para todos nós.

Acta da primeira reunião, a 7 de julho de 1979


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